Ano Novo ou Dia de Ano?

Publicado por Gildazio em 15 dezembro 2016

            Preparamo-nos para o dia de ano ou ano novo, mas qual a implicação desta data e de outras para as pessoas do campo e da cidade de nossa região?

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             Dia de ano é como meu pai e meus avós dizem no interior quando da passagem de um ano para o outro. Tive e tenho a oportunidade de passar muitas destas datas tanto na cidade quanto na casa de meus pais no meio do mato perto de pouca gente e de muito bicho. Na cidade, as pessoas se felicitam, brindam com champanhe o réveillon, olham para o céu e contam regressivamente os últimos segundos do ano velho, abraçam-se e fazem promessas de ano novo do que cumprem e do que nunca vão cumprir e passam até dois meses dizendo: “feliz ano novo”, “feliz ano novo” “que este ano seja de muita paz e sabedoria”. A maioria são frases sem muito efeito que caem no esquecimento antes mesmo do carnaval.

            No campo é diferente, desde a quantidade de pessoas até a comida que se serve. Na meia noite não há nada, acordamos e pronto, estamos no dia de ano. É dia de muita comida gostosa. É o dia daquele porco ou carneiro maior deixado engordando meses ou até anos, esperando os parentes que tinham combinado vir para o momento. Aos poucos, algumas práticas da cidade estão se incorporando ao dia santo que não é de santo conhecido, mas é respeitado por todos. Não se pode trabalhar neste dia, a menos que se já tiver chovido antes e muitas pessoas aproveitam o momento para o plantio de sementes de melancia, abóbora, de caju, tudo para se lembrar e dizer depois “plantei no dia de ano”.

             Sabemos que as datas movem tanto a cidade quanto o campo, mas no interior não existe feriado e sim dia santo, trabalha-se até no dia do trabalho. Essa influência católica é aceita com naturalidade e ainda prevalecem as tradições, pois é comum feriarmos na cidade e passarmos o dia no interior em pleno trabalho duro na roça. Há poucas coincidências de datas festivas entre campo e cidade e a Confraternização Universal é uma delas. Comemoramos cada um ao nosso jeito e nos comportamos de acordo com o local onde estamos. Não faz parte de nossa cultura regional brindar ou fazer  “tim tim”. Este estalar de copos pode ser de qualquer outro lugar, mas não nosso. O máximo que fazemos aqui é “toma uma aí” ou derramar um pouco de bebida para o santo no pé do balcão.

            Campo e cidade é uma relação mais do que histórica. Por séculos mantivemos tradições, dizeres, hábitos, mas no quesito mudanças a cidade é mais dinâmica e o campo mais conservador. Devemos respeitar  essas instâncias culturais e não fazermos de uma a outra, do contrário faremos confusão, pois antes da cidade veio o campo e não há data precisa para descobrirmos se é  ano novo ou dia de ano.

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