INVERSÃO DE VALORES

Publicado por Gildazio em 23 agosto 2017

     Nem sempre tenho tempo de acompanhar as novelas, mas vez por outra, como forma de diversão ou passatempo, vi um capítulo de Força do Querer, da Rede Globo de Televisão. Não entendi muito o bem o que se passava: era um baile na favela (que agora mudaram a denominação para “comunidade”, como se isso amenizasse as mazelas do local!!), com dezenas de pessoas consumindo álcool e com fuzis para cima, seguindo o ritmo da música num frenesi que passava a imagem de felicidade extrema. No meio de tudo isso, uma atriz global interpretando a trajetória da esposa de um traficante, encantada com o mundo da criminalidade, deslumbrada com o “glamour” do morro carioca e com o “poder” que lhe rendeu o título de Bibi Perigosa.

     De outro lado, a novela retrata uma oficiala da Polícia Militar do Rio de Janeiro, uma Major que age sempre sobre os pilares da ética, da moral e dos bons costumes, arriscando a própria vida  no combate ao tráfico ilícito de entorpecentes. 

    Mas o que mais me deixou atônita, foi o fascínio que a Bibi Perigosa, uma criminosa, vem exercendo sobre os telespectadores, fazendo muito mais “sucesso” do que a major. A moça que trabalha para mim começou a contar como a personagem se tornou poderosa após a aproximação com o traficante-chefe e que (já torcendo e nitidamente apoiando a conduta da criminosa) provavelmente ela ser tornará, no decorrer da trama, a “dona do morro”.

Paralelamente a isso, deparei-me com umas tantas reportagens vitimizando o criminoso e criminalizando o policial militar, numa verdadeira inversão de valores.

      O que temos visto e que não é divulgado com a ênfase devida, é que a crescente violência contra os agentes de segurança tem produzido um cortejo de policiais em cemitérios, onde amigos e familiares de PMs choram inconformados com as sucessivas despedidas. No Rio de Janeiro, palco da novela da globo, só este ano já se somas quase 100 policiais militares assassinados. E no nosso Piauí, os números crescem a cada ano, porque, infelizmente, não estamos imunes à criminalidade dos grandes centros urbanos brasileiros.

     Se a arte imita a vida, não nos esqueçamos que a vida também imita a arte. E se essa novela está retratando a realidade dos morros cariocas, não tarda para que as favelas (ou comunidades) de outros estados também elejam a criminalidade como forma de melhoria de vida e de sucesso pessoal (se é que já não o fizeram!).

Imagem: Internet

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