Por uma Cultura do Diálogo

Publicado por Gildazio em 13 agosto 2013

          A História da humanidade é marcada por disputas de poder, seja esse político, econômico, cultural, religioso, etc. Pensar o poder como sendo apenas do Estado é limitar muito essa relação ao ponto de desconsiderar grupos sociais minoritários que historicamente vem mostrando grandes vitórias diante dessas relações de poder.

          Um exemplo, a luta dos escravos para se libertarem do cativeiro aqui no Brasil, vários estudos historiográficos hoje comprovam que abolição não se deu simplesmente de cima para baixo, a Lei Áurea é entendida como uma vitória dos próprios escravos que ao longo de anos estavam forjando sua libertação dentro das práticas cotidianas de fuga, na morte dos seus senhores, em ações ganhadas na justiça para se libertarem, dentre outras. Outro exemplo, foram as greves de trabalhadores no início no século XX, exigindo melhores condições de trabalho, lembrando que foi uma conquista desses a redução para 8 horas diárias, direito a férias e tantas outras conquistas que fazem parte de nosso dia a dia hoje. A ideia que geralmente nos passam é que no caso dos escravos foi a Princesa Isabel que foi boazinha e concedeu a liberdade a todos os escravos, no segundo caso que o governo de Getúlio Vargas foi melhor para os trabalhadores. Essas considerações estão corretas em partes, mas só foram “concedidas” porque no cotidiano, as práticas foram se modificando, quem estava sendo oprimido começou a cobrar, a se manifestar. Tudo perpassa por uma questão extremamente cultural das pessoas.

            Dessa forma as relações de poder estão por todas as partes na sociedade, em casa, na escola, nas ruas, de pai pra filho, homem para mulher, enfim, a todo o momento estamos em relações de poder consciente ou inconscientemente. Essas relações existem para um controle de pessoas ou grupos sociais, como também para uma emancipação, libertação na relação opressor-oprimido. Por exemplo, na relação entre o homem e o saber, esse saber que é transformado em poder, pode ser usado para oprimir, dominar, controlar o outro. Percebemos esse discurso e prática nas escolas, local onde o saber e sua troca teoricamente são mais constante, muitos educadores transformam o saber técnico adquirido nas Universidades para controlarem os alunos, serem mais obedientes, mais quietos, bem o modelo de homem, que em geral, os políticos esperam encontrar, eleitores passivos, cidadãos que assistam tudo sem incomodar. Porém, como já dito, esse saber adquirido pode e deve ser utilizado para uma libertação. Paulo Freyre nos alerta que as escolas, geralmente, são reprodutoras de ideologias capitalista.

          Dito tudo isso, a nossa reflexão para uma sociedade onde haja um diálogo entre diferentes grupos sociais é uma necessidade de nossos tempos. Porém percebemos o contrário, a intolerância ainda é forte e marcante. Intolerância de Católicos contra protestante ou vice versa, de grupo político A contra o grupo político B, da ciência contra o saber popular, contra homossexuais, contra nordestinos, etc.

          Manifestar é preciso, temos que ter esse hábito cultural de nos indignarmos contra as injustiças, contra tudo aquilo que oprimi o homem. Podemos modificar e equilibrar as relações de poder. O diálogo é uma alternativa, pois a relação de poder só é equilibrada se dermos vozes a todos. A pior opressão é negar o direito do outro de se manifestar, de falar, de pedir socorro.

9 Replies para “Por uma Cultura do Diálogo”

  1. Avatar Caubi Castelo Branco disse:

    É louvável a predisposição de um acadêmico de História escrever algo sobre o incentivo à cultura do diálogo, entretanto, acho que quando assim se manifestou deveria ter um pouco mais de preocupação com o trato da “última flor do Lácio”, vale dizer, com uma linguagem mais escorreita .

  2. Avatar VALDIR CHAVES disse:

    BOTANDO TUDO ISSO QUE VOCE ESCREVEU NA PRÁTICA,NÓS SERÍAMOS MAIS FELIZES.VALEU PELO TEXTO E CONTINUE ASSIM MEU JOVEM.

  3. Avatar A. Alves disse:

    Texto perfeito, infelizmente não é o que costumamos ver em nossa sociedade, em cidades pequenas como a nossa então é que a coisa é mais difícil ainda. Parabéns e continue nos presenteando com essas pérolas.

  4. Avatar Izael Miranda disse:

    Galera, desculpe por alguns erros de português graves, mas corrigido! Escrever é um hábito que se aprimora a cada escrita!
    Abraços…

  5. Avatar FERNANDO LUIZ LIBERATO MORAES disse:

    Amigo Caubi,a “última flor do Lácio” “inculta e bela” não foi desprestigiada tanto assim, já que o jovem inicia as primeiras letras que você tão bem sabe, como escritor,serem difíceis; por outro lado,a correção é apenas um dos critérios de textualidade.De todo modo, também alerto o acadêmico para futuras produções, para um maior cuidado, a fim de que possamos “todos” dialogar através da história e dos textos.

  6. Avatar Fatima Castro disse:

    Maravilhoso!!!! Acreditemos então no diálogo, na importância da organização da sociedade a partir dele. Acreditemos que podemos falar e que seremos ouvidos. Que não adianta calar, assim nada mudaremos. E podemos melhorar o mundo, se dialogarmos, visando um entendimento coletivo. Viva a participação popular!!!!!

  7. Avatar Francisca Santos disse:

    Parabéns pelo texto Izael,tudo o que se conquista através do diálogo enobrece a alma e faz bem ao coração. Que a mensagem que você passou através desta comunicação conquiste mais pessoas a exercerem o hábito de dialogar.

  8. Avatar Laura Alves disse:

    Parabéns Izael pelo belo texto!

  9. Avatar Márcio Santos disse:

    Como fora dito caro amigo Izael, o “DIÁLOGO” tem-se mostrado apaziguador em diversos momentos históricos, se formos analisar a fundo. Podemos chama-lo de “FERRAMENTA DO BEM”, onde mentes brilhantes podem pôr em prática suas ideologias, não só mentes brilhantes, todas as “cabeças pensantes”!
    É possível até “DIALOGAR ” com um pássaro, que dizem ser um animal irracional, ao ponto de vista dos outros, não do meu, seres ínfimos em tamanho, são tão dialogadores quanto o homem que sempre visa o bem próprio e nunca o comum. Más o homem evolui, e como já dizia Charles Darwin:”Nada faz sentido senão sob a luz da Evolução”
    E você caro amigo, é um ser pensante, errante e em evolução!

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